Cap.1
Um novo dia está para começar. Com certeza, será um dia quente, de novo. Um homem cambaleia pelo deserto. Teimosamente, ele se recusa a ficar no chão cada vez que cai.
Ele se levanta e segue, já sem nem mesmo saber se está seguindo em frente ou voltando de onde veio. O céu começa a clarear.
“Lá vem o sol”, pensa ele enquanto respira fundo para conseguir chegar ao topo de um morro, já preparado para ver mais um mar de poeira e terra seca até o horizonte.
Ele também pensa na sede. Quando foi a última vez em que colocou algo úmido na boca?
He! He! Algo úmido... aquele abutre não devia ter sido tão apressado.
Chega o topo e, para sua surpresa, aparece a silhueta de uma placa esburacada de madeira e, à frente, morro abaixo, o que parece ser uma pequena cidade.
Rotten Root, é o que parece estar escrito no que sobrou da placa.
“Rotten Root” pensa o homem enquanto tenta se equilibrar em pé no alto do morro. “Pelo nome, parece um lugar feito sob encomenda para mim”.
O homem se prepara para dar mais um passo, mas as pernas falham. Por sorte (se é que isso existe nesse lugar) seu corpo rola morro abaixo até mais perto da cidade.
Ele já não vê nada, nem sente. Mas poderia jurar que ouviu alguma coisa antes de apagar completamente.
Passam alguns minutos e dois homens se aproximam do corpo.
— Tá vivo? — pergunta um homem careca, com barba cerrada e roupa de padre.
— Por enquanto, parece que sim — responde o outro homem, um sujeito alto, largo, grisalho e com uma estrela de xerife no peito.
Padre: — O que faremos com ele?
Xerife: — Eu disse pra atirarmos antes de ele chegar no morro, você não deixou. Agora você decide.
Padre: — Por Deus, homem. Eu achei que ele cairia morto sozinho. Por que atirar e acordar todo mundo?
Os dois se olham e balançam a cabeça concordando.
Xerife: — E agora?
Padre: — Vamos levar para a igreja. Se ele sobreviver, a gente descobre quem é esse condenado e o que veio fazer aqui.
Xerife: — E se ele for um tipo perigoso?
Padre: — He! Nós sabemos que não será o único na cidade.
Xerife: — OK! Só queria ter certeza. Pegue um braço e me ajude a puxar o infeliz.
Os dois arrastam o homem, atravessando o que se pode chamar de rua principal rumo a uma capela localizada no morro atrás da cidade.