Cap. 23
Wayne olha para um velho curral e, mesmo conseguindo identificar o rastro e o cheiro de cavalos no local, suas memórias e instintos gritam que se trata de uma armadilha. Pena que tenha demorado tanto para perceber.
Ele se vira, olha para os lados e, como já era de se esperar, não vê viva alma além de seu guia, que aponta para a construção dizendo:
— Chegamos. É aqui que seus cafalos estão.
Agachando-se para encarar o homenzinho, o xerife afasta seu casaco para o lado exibindo seu Pietta calibre 44, arqueia a sobrancelha e pergunta:
— Para saber onde os cavalos estão você deve ter participado do roubo, seu montinho de bosta de rato, então, o que te faz pensar que eu vou entrar naquela arapuca que você armou para mim?
O homenzinho olha profundamente em seus olhos e responde tranquilamente: — Os três rifles apontados para focê lá de dentro.
Wayne, já com a raiva transbordando pelos olhos: — Você acha que eles me acertam antes que eu te acerte?
Homenzinho, impassível: — Focê acha que eu estaria aqui se me importasse?
O xerife se levanta lentamente, procurando com o canto dos olhos qualquer possibilidade de escape. Sem sucesso.
O pequeno sujeito estende a mãos para o xerife sorrindo e diz: — A arma, por fafor.
Não há muito o que ser feito no momento, a não ser ganhar tempo e obter informações. “Mas”, pensa o xerife, “pode ser um blefe”.
Wayne põe a mão no coldre e o homenzinho adverte: — Defagar, meus amigos são muito assustados.
Como nunca se deu bem nos jogos de pôquer, o xerife decide não pagar para ver se o homenzinho está mentindo. Respirando fundo, retira vagarosamente sua arma e a entrega.
— Muito bem. – diz o homenzinho que, ainda sorrindo, continua: — Agora, entregue as outras.
Acontece um diálogo de olhares entre os dois, com Wayne tentando, em vão, convencer seu inabalável captor de que não tem outras armas, até se dar por vencido e entregar mais duas pistolas.
— Ótimo – agradece o homem, acrescentando: – A faca também.
Após entregar suas armas, Wayne segue rumo ao curral se sentindo um idiota, ao contrário de Augustus, que se sentia muito esperto com sua nova ideia.