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Cap. 55

Ilustração com um fundo preto. Ao centro, está a silhueta de um homem grande e musculoso de costas, preparando-se para golpear uma´porta com ambas as mãos. Acima da porta está uma cruz branca.

— Zyan! — grita o trapezista interrompendo a série de chutes desferidos pelo corpo do prefeito, que, agora, adiciona sangue à mistura pegajosa que já cobria seu rosto.

Atônito, o invasor corre rumo à janela por onde entrou, mas decide cumprir sua promessa antes de partir.

Voltando à sala, ele vê um cambaleante McQueen abrindo a porta da sala para tentar fugir.

O trapezista aponta a arma em sua mão para as costas do prefeito, que, na tentativa desesperada de fugir, cambaleia até o parapeito, passa por cima dele em uma pirueta e termina com seu corpo estatelado na rua.

— Que barulho foi esse? — pergunta alguém na rua. É o bastante para Zayn sair pelos fundos do prédio rumo ao cabaré.

Ele sabe que algo aconteceu a seu irmão.

O trapezista corre em direção à lamparina, chegando ofegante à entrada do cabaré.

— Você de novo? — indaga Solomon, em um misto de espanto e curiosidade.

— Onde está meu irmão? — pergunta o marroquino ainda ofegante, mais pelo desespero do que pela corrida.

Um som de vidro quebrando antecede a chegada de um corpo ao chão em frente ao cabaré vindo do andar superior do estabelecimento.

— Acho que ele está ali. — aponta Solomon para o corpo estatelado próximo a eles.

— Irmão! — grita o trapezista debruçando-se sobre o corpo. — Zyan, fale comigo. — implora, agarrado ao corpo no qual encontram-se fincadas as quatro pernas do criado-mudo, sendo duas em orifícios pré-existentes e duas em cavidades recém-criadas.

Em meio ao sangue, cacos de vidro e pedaços de madeira, o defenestrado trapezista reúne um último suspiro: — Eu... eu sempre... achei que... que eu fosse... o Zayn.

Zayn urra em agonia, apertando o corpo do irmão morto contra o seu. Um grito tão forte e intenso que quase pode ser ouvido por Corintho que, finalmente, chega até a capela.

Ele bate na porta, não por educação, mas no intuito de arromba-la.

O barulho é respondido por um resmungo vindo de dentro da capela, que começa baixo e vai aumentando o volume conforme o padre se aproxima da porta e pergunta:

— Quem, diabos, está aí?

Ao invés da resposta, o padre recebe parte da porta da capela caindo sobre seu corpo.
 

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