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Cap. 65

Ilustração com a silhueta em branco de duas cabeças de cavalo sobre um fundo preto que vai da base até metade da imagem. Em frente aos cavalos, sobre um fundo vermelho que vai da metade até o topo, estão as silhuetas de cinco indígenas armados, sendo três com rifles e dois com lanças e escudos.

— De onde eles saíram? – pergunta um surpreso xerife Wayne.

Cobra Traiçoeira: — Eles estão nos vigiando desde que cruzamos o riacho.

Wayne: — Como você sabe?

Cobra — Você ouviu os coiotes enquanto a gente cavalgava?

Wayne: — Algumas vezes.

Cobra: — Não tem coiotes deste lado do riacho até a montanha.

Wayne demora um pouco até fazer a ligação entre coiotes e indígenas, mas acaba conseguindo entender: — Ah!

Os nativos americanos vão fechando o cerco. — Deixe que eu fale com eles. – pede Cobra Traiçoeira.

Wayne: — Por quê? Eu sou o xerife, os cavalos são meus...

— Pitsííksiinaa! – grita um dos nativos, interrompendo o xerife.

— O quê? – pergunta Wayne contraindo os olhos, como se olhasse para o sol.

— É a nossa língua, por isso é melhor eu falar. – explica Cobra Traiçoeira, que já reconheceu a maior parte dos nativos que os cercam e sabe que não será uma conversa tranquila.

— Por que você está aqui, pequena cobra? – pergunta um dos nativos em Siksikáí'powahsin.

— Vim em paz. - responde Cobra Traiçoeira no mesmo idioma e prosseguindo, enquanto aponta para Augustus: — Aquele homem precisa de ajuda.

— Não é problema nosso. – responde o nativo, rondando o grupo mais de perto com seu cavalo.

Cobra Traiçoeira tenta argumentar: — Ele foi envenenado e vai morrer.

Nativo: — Branco morto não é problema, é solução.

Cobra Traiçoeira, num tom mais alto: — Ele salvou minha vida!

Nativo: — Então ele está tendo o que merece.

— Nĭ‘skŏn, por favor, me deixe falar com nosso pai. – apela Cobra Traiçoeira.

Nativo, agora mais agressivo: — Não me chame de irmão! Você perdeu esse direito. Meus irmãos são apenas os que vivem em minha tribo e que honram nossa raça.

O xerife, cansado daquele diálogo interminável em uma língua que não entende, decide intervir: — Ei, nĭ‘skŏn! Leva a gente até a aldeia e te dou uma garrafa de whiskie.

Os nativos arregalam os olhos simultaneamente e reagem em coro: — Oh!

O irmão de Cobra Traiçoeira parece uma vítima de tétano, paralisado e trincando o maxilar após ouvir aquelas palavras. O próprio Cobra engole seco e fuzila Wayne com o olhar.

Xerife: — O que foi? Falei o nome dele errado?
 

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