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Cap. 84

Ilustração com um fundo metade inferior branco e metade superior vermelha. Na parte inferior, ao centro, está a silhueta de um nativo americano vestindo um traje cerimonial, com chapéu ornamentado com penas, predra coloridas e chifres de bisão, além de colares vermelhos e um manto enfeitado com pedras vermelhas. Atrás dele, na parte superior, está a silhueta em branco de um sapo com olhos vermelhos.

Sapo Gordo contorna a dupla de brancos recém-chegados à aldeia. Ele agita seu bastão entalhado em forma de serpente pelo ar e murmura alguma prece ou cântico cerimonial incompreensível enquanto cada vez mais membros da tribo se reúnem em volta aguardando um veredicto.

Cedro Vermelho, falando em Siksikáí'powahsin: — Então?

Sapo Gordo: — Parece que é mesmo.

Cedro Vermelho: — E agora?

Sapo Gordo: — Você conhece a tradição. Sabe como deve agir.

O chefe sabe que não é recomendável ir contra as tradições e irritar os espíritos, afinal, seus dois filhos já lhe providenciam punição suficiente neste mundo.

Ele caminha até os visitantes. Respira fundo com os olhos fechados. Pigarreia, limpando a garganta e começa a falar, tentando convencer a si mesmo a cada palavra, agora ditas em inglês:

— É uma honra para nossa tribo receber uma pessoa iluminada como você. Por favor, junte-se a nós e compartilhe de nossa comida, bebida e abrigo.

— Nossa aldeia sabe a sorte que temos em receber esse presente do Criador.

Ao ouvir “criador”, Westwood compreende que estão falando dele. Só espera que não precise abençoar mais nenhuma refeição. O padre faz uma expressão de gratidão e começa a retribuir a hospitalidade.

— Obrigado pela gentileza, mas não é necess....

A voz dele vai diminuindo até sumir diante dos olhos arregalados e a expressão de ultraje nos olhos de todos em volta.

— Cale-se! – ordena Cedro Vermelho.

— Sua gente da cruz na garganta já fez estragos demais para nosso povo. Você só está vivo ainda por que está com a dois espíritos! – conclui o chefe, apontando para Lucretia, que, surpresa, resolve intervir:

— Eu? Dois espíritos? Que honra! Muito obrigada!

Padre: — Você sabe o que é um dois espíritos?

Lucretia: — Cale a boca, cruz na garganta.

— Se você quiser, podemos dar um fim nele. – sugere Sapo Gordo, apontando para Westwood.

Lucretia, fingindo estar pensativa: — Por enquanto não, querido. Vamos ver se cresce algum escalpo nele primeiro para podermos arrancar.

— Há! – sorri Sapo Gordo, passando a mão pela cabeça em alusão à calvície do padre.

Cedro Vermelho, tentando acabar logo com aquela aglomeração: — Venha até minha tenda.

Porém...
 

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