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Cap. 93

Ilustração com fundo branco, no qual está a silhueta de metade do corpo de um homem deitado e se contorcendo, tentando se livrar de três faixas atadas a seu corpo.

O dia começa com cheiro de porco assado e os xingamentos de Wayne: — O que aconteceu? Por que, diabos, estou amarrado? O que esses índios malditos fizeram comigo?

— Bom dia, querido! - surge Lucretia, esperando acalmar o xerife e evitar que ele continue ofendendo os nativos, armados e em número bem maior.

Wayne, ainda mais desesperado: — O que você fez comigo, sua maluca? Meu corpo está coçando e não sinto as pernas nem meu...

Noite da Raposa chega para tentar acabar com a gritaria: — Você bebeu o que não devia, ficou fora de si, correu pelado pelo mato – por isso está se coçando – e tivemos que te amarrar para que você não se machucasse – por isso as partes adormecidas. Nada que um banho não resolva.

— Eu ajudo. – oferece-se Lucretia, sorrindo maldosamente.

Wayne olha para o padre que se aproxima procurando por algum apoio: — Não conte comigo. Para mim, chega de banhos por este ano.

O xerife não entende o comentário, mas, por instinto, sabe que deve sair daquela tenda.

Assim que Lucretia o desamarra, ele a empurra e engatinha até a saída, levanta-se e se despede: — Não preciso de banho, nem da ajuda de ninguém.

A frase termina com ele despencando para fora da tenda sem conseguir caminhar com as pernas dormentes.

Lucretia se levanta para ir acudí-lo, mas é interrompida por Noite da Raposa: —Vale mesmo a pena? Lucretia responde, enquanto sai da tenda: — Espero que sim.

A tribo está reunida ao redor de uma grande fogueira, na qual partes de Lucy assam, prestes a retribuir toda a carne que ela consumiu em vida.

Noite da Raposa e seus hóspedes se aproximam para a refeição.

— Obrigado, dois espíritos, pela refeição que nos trouxe. – agradece Cedro Vermelho, ainda com a cabeça latejando após tantos derruba-urso.

— Você e seus amigos são bem-vindos para compartilhar.

— Nossa! – exclama Wayne. — Aquele porco é enorme. O que será que davam para ele comer?

Nokomis se aproxima de Noite da Raposa com olhar curioso. Não é preciso dizer nada.

— Ele está vivo e dormindo na tenda. Vá em silêncio e não demore. – diz a curandeira, com um sorriso no canto da boca infinitamente menor do que o que surge no rosto de Nokomis.

Chuva Quente observa de longe, trincando os dentes.
 

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