Cap. 211
— Para onde estamos indo, afinal? – pergunta uma irritada Sarah. — Está ficando cada vez mais frio e cheio de neve para todo lado que olho.
Tex explica: — Estamos seguindo para Rupert’s Land, meu amor. É um lugar governado pela Hudson’s Bay Company, uma empresa britânica, ou seja, nada de leis dos Estados Unidos.
Como não se lembra de ter roubado, matado ou mesmo ferido nenhum inglês, Tex acredita que terá um pouco de sossego por lá.
Isso, é claro, irá durar pelo tempo que ele levar até começar a roubar, matar e ferir a população local.
A questão é conseguir chegar até lá passando por aquele inferno gelado. O horizonte parece emendar chão e céu em uma enorme muralha branca, mas a dupla segue em sua direção, como um motorista que acelera ignorando a placa de rua sem saída.
O próprio som parece estar congelado. Nenhum sinal de qualquer animal, nem mesmo o assovio do vento.
Tex: — Vamos avançar o máximo que pudermos enquanto tivermos o sol forte. Quando chegar a tarde, procuramos um lugar para dormirmos.
O cowboy pisca para Sarah e acrescenta: — E, talvez, nos conhecermos melhor.
A moça cospe no chão, indignada: — Prefiro que me mate.
Tex, irônico: — Não fale assim, as noites por aqui são bem frias. Todo calor deve ser aproveitado e seu corpo parece ser bem quente.
Sarah: — Terá de fazer o que quer que seja com meu corpo gelado e morto.
Tex: — Tudo bem, essa era apenas a razão mais agradável para trazer você comigo.
Sarah se retrai tentando imaginar qual seria a outra razão para aquele maníaco a arrastar junto após matar sua irmã.
Tex sorri, ele quase consegue ouvir as engrenagens se movendo na cabeça de sua refém tentando decifrar suas palavras.
Ele resolve ajudá-la a descobrir a resposta: — Minha querida, se você não for servir de distração para mim, com certeza será bastante útil para distrair os Windigos.
— O que são os Windigos? – pergunta a moça, mais por medo do que por curiosidade.
Tex a encara com as sobrancelhas arqueadas e pergunta em uma entonação quase cínica: — Você quer mesmo saber?
