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Cap. 250

Já se passou quase um dia todo desde que os Windigos começaram a seguir o veado. Os olhares já não escondem a desconfiança, ódio e arrependimento por não ouvirem seu protetor.

Então, próximo a uma enorme montanha, o veado para e avisa:

— Chegamos, é aqui a caverna em que o grande urso marrom vive.

Os indígenas olham para a encosta da montanha repleta de cavernas de todos os tamanhos e formatos.

— Em qual delas ele mora? – pergunta uma voz na multidão.

O veado olha para cima, para os lados, pensa um pouco e responde: — Não tenho certeza. Vou verificar.

Assim, o animal entra na primeira caverna. Os Windigos se olham assustados, temendo que ele suma como fez a lebre, mas logo o veado retorna:

— Não é essa, vou tentar aquela outra ali.

E lá se foi o veado entrando e saindo de cavernas enquanto os dias se passavam e a paciência dos Windigos desaparecia.

No quinto dia, enquanto o veado entra na caverna, a multidão decide sacrificar o maldito assim que voltar e, se preciso, vasculharem, eles mesmos, as cavernas que faltam.

Mas, eis que ouvem a voz do animal vinda do fundo da caverna:

— Encontrei! Oh! Sábio e grande urso marrom, venho humildemente solicitar que...

Um grito agudo termina a frase, sendo seguido por grunhidos e sons de ossos partindo e mastigação.

Os Windigos, paralisados, aguardam por algum sinal do que aconteceu na caverna. A resposta surge na forma de um enorme urso marrom, quase do tamanho de um carvalho.

O animal os encara com a boca ainda ensanguentada e pergunta:

— Ainda tem neve, por que interromperam meu sono?

— O veado disse que você pode nos levar ao Grande Espírito. – responde outra voz na multidão.

— E por que vocês querem encontrar o Grande Espírito? – questiona o urso.

— Para comer. – respondem todos juntos.

O urso demonstra surpresa com a resposta, coça seu nariz e propõe:

— Se eu guiar vocês, tenho sua promessa de que me deixaram em paz em minha caverna até que eu acorde?

Os indígenas rapidamente concordam, afinal, poderiam comer o urso depois que ele acordasse.

— Pois bem, estão prontos para partir? – chama o animal começando a andar.
 

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