Cap. 262
Sarah ainda está tentando colocar um casaco e entender o que Augustus disse quando o delegado começa a comandar:
— Pule no barco!
A moça obedece e o homem continua:
— Segure bem para não cair do barco.
Augustus olha para o chão que começa a se desfazer e orienta:
— Vamos tentar manter o delegado no barco com nossas pernas e tentar nos manter no barco com nossas mãos.
Ele empurra o bote em direção ao fluxo que desce a montanha conforme o topo começa a deslizar, pula para dentro e conclui:
— Incline seu corpo para o mesmo lado que eu.
Sarah responde com um grito agudo conforme são violentamente atingidos pelo jorro de neve e lama que vai aumentando de volume e velocidade conforme desce.
Augustus tenta manter seu transporte à frente da avalanche, o que dá certo até metade da montanha, depois vem a colisão com algo que pode ter sido uma pedra ou um Windigo arremessa a embarcação para cima.
O barco, felizmente, não chega a virar, mas parece um homem bêbado e sem uma perna tentando se manter sobre o lombo de um touro que sentou em um vespeiro.
Sarah e Augustus cravam seus dedos, arranhando a madeira do bote na tentativa de manter suas posições, sem esquecer de pisotear Cobra Traiçoeira para que o nativo não pule para fora.
Uma mão surge na beirada do barco entre o delegado e a moça. Eles se entreolham rapidamente. Será um Windigo tentando se salvar ou Tex querendo vingança?
Não dá tempo para descobrir nem mesmo se a mão ainda fazia parte de um corpo. Um piscar rápido de olhos e ela já foi tragada novamente para as entranhas da neve.
Voltando a olhar para a frente, Augustus tenta enxergar além da cortina branca que esguicha ao redor deles, no intuito de identificar quanto de montanha ainda falta para descerem.
Quando consegue identificar algo, percebe que a montanha já ficou para trás, porém, logo adiante, estão se aproximando árvores. Muitas. E não há como parar.
— Falta muito ainda? – pergunta Sarah, com olhos espremidos de tanto esforço para segurar a si mesma e a Cobra Traiçoeira.
— Acho que já iremos descobrir. – balbucia Augustus, vendo as árvores crescendo à sua frente.