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Cap. 275

Cedro Vermelho, Dr. William, Augustus e Westwood se afastam da cabana de Noite da Raposa e encontram Sapo Gordo voltando do meio da mata.

Westwood: — Acho que me lembro daquele ali.

Cedro: — É Sapo Gordo, nosso xamã.

— Olá, senhor Sapo Gordo, também está procurando ervas – pergunta Augustus, tentando ser simpático ao se aproximar do nativo.

Sapo Gordo responde com uma incontida indignação: — Não, honrado visitante, eu apenas fui mijar. Não preciso procurar ervas, afinal, o próprio chefe da aldeia não confia mais em mim como curandeiro.

Cedro tenta protestar: — A casa de minha mãe era mais perto. Eu já iria chamar você.

Sapo: — Para quê? Sua mãe me colocaria para fora, se chegasse a me deixar entrar.

Cedro Vermelho toma fôlego para dizer algum consolo, mas percebe que não há o que dizer. A cabana de sua mãe é um território onde nem mesmo o chefe dos Pés Pretos tem mais autoridade do que ela.

O curandeiro continua: — Para que manter um xamã na tribo? De que serve tudo o que foi aprendido com as plantas e animais se, quando aparece um problema mais sério, o próprio chefe - que cresceu junto com você, acompanhou seu treinamento, bebe junto com você – escolhe deixar o próprio filho com uma misturadora de mato.

Cedro: — Não fale assim…

Sapo, quase histérico: — Ela é a xamã da aldeia? Ela usa o cocar com penas de águia?

O chefe desvia o olhar sem ter o que responder e o curandeiro prossegue:

— Eu acabo sendo mais inútil que um daqueles tais doutores das cidades dos brancos.

Para desespero dos não nativos, Dr. William se sente obrigado a intervir:

— Caro senhor, gostaria de dizer que eu sou um dos tais doutores das cidades dos brancos.

Sapo, olhando o médico com piedade: — Ótimo, pelo menos alguém aqui sabe como me sinto.

O curandeiro se afasta, mas é possível ainda ouvir suas lamúrias: — Olhe para o tal médico, Cedro Vermelho, veja só a quê você me reduziu.

O grupo tenta digerir os lamentos do xamã, que ainda grita uma última vez, já longe: — Um médico! Você fez eu me sentir como um maldito médico!
 

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