Cap. 287
— Por que ele é tão teimoso? Por que não me escuta? Por que nunca me obedeceu? – Cedro Vermelho se lamuria, ajoelhado junto ao filho.
Apontando para Lua da Raposa, agora irritado, o chefe prossegue: — E não me venha com gracinhas ou provocações. Meu filho, seu neto, poderia estar morto. Poderá morrer. Ele irá morrer?
A voz do nativo já está mais fraca e fina ao final da frase.
Lua se agacha e debruça sobre Cedro Vermelho:
— Você sempre fez o que eu dizia para ser feito?
O chefe esboça protestar, mas a mulher gentilmente o comprime em um abraço indicando que não terminou seu raciocínio.
— Você tomou suas decisões, cometeu seus erros e conquistou suas vitórias. Isso fez de você o chefe da tribo.
— Meu neto toma suas próprias decisões, comete seus próprios erros e, por causa deles, ajudou a matar mais Windigos do que muitas gerações.
— Um dia, eu garanto, você compreenderá que discordar da gente pode ser necessário para que nossos filhos possam ir além do que nós fomos.
— É assim que a senhora se sente? – pergunta o chefe, aninhado debaixo da mãe.
— Ainda não. Talvez em alguns breves momentos. – responde sorrindo a anciã.
Cedro se vira e abraça a mãe, depois se levanta e beija a testa de seu filho.
— Ele vai ficar bem? – pergunta passando a mão pelo rosto do rapaz.
Lua da Raposa apenas sorri de volta. Ambos sabiam que ela não daria uma resposta objetiva.
Mas, Cedro tem sua vingança: — A senhora tem razão. Inclusive, acho que é hora de cometer mais um erro.
O nativo conseguiu atrair a atenção de sua mãe e anuncia: — Vou até a tenda de Chuva Quente e me acertar com ela de uma vez, para vivermos juntos, como devia ter feito há muito tempo.
Se Lua da Raposa é realmente uma vidente, dessa vez seus dons falharam, pois a anciã se encontra atônita, de boca aberta, mal conseguindo pronunciar a pergunta:
— Quanto você já bebeu hoje?
Cedro se dirige para a porta da cabana quando Lua faz uma última intervenção:
— Espere! Não quer comer um pouco de abóbora com truta antes de sair?