logo

Cap. 296

A despedida de Nokomis transcorre em paz e silêncio. O encontro em frente à tenda de Chuva Quente contribuiu para que todos extravasassem as tensões.

Nem se tratou propriamente de um enterro. Augustus passou o colar de Nokomis pelas mãos dos presentes até que o ornamento retornasse a ele.

Em seguida, foi até o carvalho partido próximo à cachoeira, talhou uma fenda em sua casca e lá depositou o adorno.

— Devo dizer algumas palavras? – pergunta o delegado ao padre, que imediatamente responde:

— Não, pelo amor de Deus!

— É só isso? Viemos aqui para ver um branco colocando um colar em uma árvore? – questiona um indignado membro da tribo a Urso Negro, que explica:

— Foi melhor do que se tivéssemos trazido os restos de Nokomis que encontramos todo mordido e rasgado na neve. Ela era uma boa menina, merece uma lembrança digna e não vou deixar os Windigos tirarem isso também dela.

Alheio às palavras de Urso Negro, Augustus vai até Chuva Quente, para desespero de todos.

— Senhora, não tenho palavras para expressar a dor que sinto pelo que aconteceu com sua filha. Receba minha solidariedade e saiba que partilharei de sua tristeza e das memórias de Nokomis para sempre.

Mesmo sem entender qualquer palavra, exceto, talvez “Nokomis”, Chuva responde em Siksikáí'powahsin:

— Pedirei todos os dias ao Grande Espírito para que você passe o resto de sua vida em sofrimento até encontrar um fim cruel e cheio de dor, seu maldito demônio branco que tirou minha filha de mim.

Cedro Vermelho separa os dois.

— O que foi que ela disse? – pergunta o delegado.

O chefe apresenta sua versão da fala de sua companheira (se ela aceitar sua proposta):

— Ela entende seu sentimento, mas pede que você vá logo embora pois sua presença traz lembranças dolorosas.

Augustus abaixa a cabeça e concorda: — Ela tem razão. Melhor irmos logo embora.

— Espero poder vir visitar Nokomis. – pleiteia o delegado.

— Se vier, será para ficar. – adverte o chefe.

O delegado se junta a William e ao padre Westwood e seguem com Noite da Raposa para a tenda da anciã, que pergunta a Augustus:

— O que você conversava com meu filho.

O rapaz responde: — Ele me convidou para morar aqui.
 

Texto Anterior Próximo Texto