Cap. 16

— Cadê o amaldiçoado? – pergunta o padre visivelmente irritado ao prefeito McQueen, que responde já mais recomposto:

— Não sei. Já deveria ter entrado na cidade. Será que mudou de rumo?

Padre: — Como eu vou saber? Não ficaram vigiando o sujeito?

Prefeito: — Quem faz isso é o xerife e o senhor sabe que ele está fora.

O padre olha para o morro, no qual sua capela parece cada vez mais distante sob o calor do sol que se aproxima do meio-dia. Ele lembra de cada pedra e buraco que teve de passar na descida e que continuam lá, esperando por ele na subida.

Aproximando-se do prefeito, ele sussurra num tom que parece com ossos sendo moídos: — Você me fez vir até aqui. Tem ideia do quanto é quente e desconfortável andar com esse vestido?

Sem esperar por uma resposta, o padre prossegue, no mesmo tom e ainda mais próximo do rosto do prefeito: — Agora, faça seu trabalho e mande alguém ver se o sujeito ainda está por perto. Eu vou ao saloon tomar um fôlego antes de subir o morro novamente. Me avisem caso descubram alguma coisa importante.

McQueen, sem saber se o suor que encharca suas botas vem do sol ou do hálito do padre em sua testa, aponta para seu auxiliar: — Você, descubra para onde foi o forasteiro que estava chegando.

O prefeito até pensa em acompanhar o padre e tomar um fôlego ou dois com ele no saloon, mas sabe que já está com problemas demais hoje para desengarrafar mais problemas do passado também.

Mesmo contrariado por ter de andar pelos limites da cidade sob o sol a pino, procurando sozinho por uma pessoa que pode ser perigosa, o rapaz estava até aliviado por poder se afastar do padre. Ele acena positivamente com a cabeça para o prefeito e começa a caminhar.

“Qualquer demônio que possa aparecer, com certeza será melhor do que o padre”, vai pensando o jovem.

Três passos depois, ele ouve o prefeito: — E conte imediatamente ao padre o que você descobrir.

O atendente sente como se uma picareta fosse fincada em sua nuca, mas continua seu caminho. Enquanto isso, o forasteiro chega à capela.