Cap. 34

Augustus se manteve bastante ocupado durante os últimos acontecimentos. Após encontrar onde seu circo era montado, ele percebeu que apenas alguns dos artistas transitava pelo local. O motivo, logo descobriu, é que parte ficava trancafiada em suas carroças, o que indicava que nem todos eram cúmplices no golpe que Venim e Dimitri lhe aplicaram.

Calculou que se conseguisse soltar e reunir esse pessoal que não faz parte do golpe, talvez fosse possível tomar seu circo de volta. Parecia arriscado, mas seria uma chance maior do que esperar pela boa vontade dos homens da lei daquela terra maldita.

Decidiu que a primeira providência a ser tomada seria encontrar Mingmei, a contorcionista chinesa que, quando tomaram seu circo, se esgueirou até onde ele estava preso e espancado, abriu seu cofre, lhe deu água e um grampo.

— Ouvi que vão te jogar no deserto dentro deste cofre - a voz dela era tensa, aflita e, ao mesmo tempo, meiga. — Você terá mais chance de sobreviver no deserto do que aqui. Esconda bem esse grampo, salve-se e não apareça mais por aqui. Não podem saber que te ajudei.

Foi ela quem possibilitou sua fuga e sobrevivência, por mais que tenha sido incômodo ter um grampo enfiado na narina. Agora, antes de qualquer outra coisa, ele precisava saber se ela está viva e bem.

Ele chega a uma carroça ornamentada com um enorme pôster com os dizeres “A flexível, fantástica e formidável Mingmei” escritos em volta de uma ilustração dela em uma de suas poses que desafiam os ossos e tendões dos outros seres humanos. O circo ainda ter uma carroça com o pôster dela era um bom sinal.

Aproveitando que não há um guarda fixo no local, Augustus se esgueira para trás da carroça, sobe no teto e vai até a claraboia.

Ele abre o cadeado sem precisar pensar e, com a claraboia aberta, sussurra: — Mingmei, sou eu, Augustus.

O rosto da moça surge em meio à escuridão da carroça. Augustus mal contém sua alegria em vê-la viva, assim como, ao ver Augustus de volta, a moça também não consegue conter seus sentimentos:

— Por que você está aqui? Você é burro?