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Cap. 82

Ilustração com um fundo dois terços branco e o terço inferior em preto. No centro, estão as silhuetas de dois cavalos. O da esquerda é montado por uma uma mulher de cabelos longos e está apoiado apenas nas patas traseiras, assustado com uma flecha vermelha que aparece em primeiro plano, no centro da parte inferior da ilustração. à direita, atrás da flecha, está o outro cavalo, montado por um homem com chapéu de cowboy.

Cobra Traiçoeira procura por Wayne, que corre e relincha passando por Cedro Vermelho, que observa, respira e prepara um comentário, mas desiste quando vê seu filho correndo atrás do homem branco nu que cruza sua aldeia atraindo olhares e pensamentos.

“Sinto falta de quando chegavam atirando. Pelo menos vinham vestidos” pensa o chefe da aldeia.

Duas outras pessoas brancas, vestidas, cruzam o riacho que marca a divisa do território da tribo de Cobra Traiçoeira.

— Você tem certeza de que é por aqui ou se perdeu de novo? – pergunta um impaciente e irritado Westwood, arrastando a carcaça volumosa de Lucy em um trenó improvisado com tábuas do chiqueiro.

Difícil definir o que mais irritou o padre, ter de lutar (e quase perder) com Lucy na lama até decidir atirar no animal, ter de se lavar depois (ouvindo comentários jocosos de Lucretia) ou ter de ajudar aquela maldita criatura a se vestir, apertando seu espatilho em troca da ajuda na montagem do trenó.

Lucretia: — Para sua informação, eu nunca estive na aldeia dos Pés Pretos antes. Não é um território onde se costuma passear.

Padre: — Então você não sabe o caminho? Estou certo?

Lucretia, que prefere perder o escalpo a dar razão ao padre: — É por aqui, em algum lugar. Vamos seguindo até encontrarmos algum sinal.

Uma flecha surge do nada e finca no chão entre os cavalos dos dois.

Padre: — Eis seu sinal.

No tempo em que eles levaram para olhar a flecha e erguer novamente a cabeça, já estavam cercados por Urso Negro e suas sentinelas.

Os nativos se aproximam com armas apontadas e preparadas para o uso.

— Calma! Esse porco é para vocês. – tenta acalmar os ânimos o padre, levantando as mãos.

Lucretia, tentando disfarçar a tensão: — Explique que o porco é o animal deitado no trenó. Mesmo depois do seu banho fica difícil saber quem é quem.

Ao ouvirem o diálogo, os indígenas se agitam, se aproximam, rodeiam e examinam a dupla. Um deles, então, cochicha com alguns outros e pergunta assombrado a Urso Negro em sua língua nativa: — Dois espíritos?

Urso Negro entorta a boca pensativo: — Pode ser. Vamos perguntar a Sapo Gordo.

— Armas no chão e me sigam. – ordena o nativo à dupla, que obedece relutantemente após uma troca de olhares.
 

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