Cap. 81
— O que você está fazendo? – pergunta um atônito Cobra Traiçoeira a um seminu xerife.
— Calor! – responde Wayne, livrando-se do resto das roupas. — Preciso respirar. Preciso pegar o chão de volta.
— O quê? – Cobra olha confuso para a avó, que olha atentamente para Wayne.
— Foi o chá. – responde a senhora, com um pequeno sorriso de canto de boca enquanto Wayne anda se balançando pela tenda.
Cobra: — O que ele bebeu?
Noite: — Uma mistura para ajudar a dormir quando os lobos estão na época de fazer filhotes.
As pessoas vão se tornando borrões para Wayne e ele sente o solo sob seus pés subindo por suas pernas e tornando-o barro. Argila sendo moldada.
“O que você quer ser?”, pergunta a terra. Wayne sorri e responde: — Cavalo.
— Cavalo? – espanta-se Cobra Traiçoeira.
Wayne sai correndo da tenda.
— Melhor ir atrás dele. – sugere, impassível, Noite da Raposa.
Cobra dispara atrás do xerife nu e a senhora volta sua atenção para Augustus.
Mas dois pensamentos ainda disputam seu foco. O primeiro: “Preciso pegar mais açoro e sanguinária com Sapo Gordo e fazer mais chá antes da próxima Lua do Coiote”, e o segundo: “Então é assim um pele branca sem as roupas. Talvez eu tivesse me divertido mais se não matasse tantos deles logo que encontrava”.
“Ah, a juventude”, suspira ela enquanto mede a temperatura na testa de Augustus com as costas da mão.
— Parar de fugir. – balbucia um febril Augustus, prontamente acalmado pela curandeira:
— Parece que N’api traçou um longo caminho para você.
A mulher sorri como há muito não fazia. Pega um pote em sua prateleira (não consegue evitar um suspiro de desalento ao ver a garrafa esvaziada pelo xerife) e passa seu conteúdo viscoso na ferida do braço de Augustus enquanto sussurra:
— N’api, você fez meu neto ajudar um homem branco e meu filho recebê-lo em nossa aldeia. Você é realmente um espírito ardiloso e deve estar rindo de tudo isso. Aprendi a aceitar os problemas que você cria para ensinar lições que moldam as pessoas e o mundo. Meu neto e seus amigos terão muito a aprender.
Augustus tosse, cuspindo um pouco de sangue. A mulher olha a mancha vermelha no chão e conclui:
— Se sobreviverem.