Cap. 205
— Nĭ‘nna! – grita Cobra Traiçoeira com a voz já um pouco mais grossa. — O que você está fazendo aqui, no meio das árvores?
A idosa sorri e explica: — Estava esperando vocês.
Augustus, intrigado: — Esperando?
Noite: — Sim. Assim que soube do sujeito levando a menina amarrada, vim para cá esperar vocês.
Augustus, mais intrigado: — Como sabia que viríamos?
A mulher continua sorrindo: — Conheci seu espírito, filho de N’api. Você está onde os ventos da mudança estão. Às vezes você sopra, às vezes é arrastado pelo vendaval.
Augustus agora está mais confuso do que qualquer outra coisa.
Ela continua: — E você, meu neto, rastreia as coisas da mesma forma que um peixe sobe em árvores. Se conseguir, foi obra de N’api.
Cobra tenta se defender: — Eu nem estava tentando rastrear o homem.
Noite: — Eu acredito, querido, e é por não estar rastreando que, pelo menos, vieram na direção certa.
Cobra: — A senhora sabe para onde eles foram?
Noite: — Não. Sou a curandeira, não uma rastreadora.
Augustus: — Aliás, estou em dívida com a senhora. Soube como me curou. Terá sempre minha gratidão e pode contar comigo para o que precisar.
Noite passa a mão gentilmente pelo rosto do delegado: — Você é um homem bom, ao contrário daquele ali (apontando para Henry). Não fosse você, meu neto também não estaria vivo.
Augustus segura carinhosamente a mão da idosa: — Obrigado. Agora, não querendo abusar, a senhora poderia dizer onde conseguir um bom rastreador?
— Eu posso levar vocês até o branco e a ka-wi-'na-han. – sugere Nokomis, também surgindo do meio das árvores.
Augustus olha a moça que julgava ter sido uma alucinação e não consegue segurar o sorriso. Que é retribuído.
Agora é Cobra quem está intrigado: — Nokomis fala a língua dos brancos agora?
Noite: — Ela queria aprender, eu ensinei.
— Claro que ensinou. – comenta Cedro Vermelho, vindo pelas árvores atrás do grupo.
Henry desce de seu cavalo, entediado com a discussão, e resolve aliviar sua bexiga em uma moita, já que os nativos parecem brotar das árvores.
Mal sua braguilha é aberta, Urso Negro ergue-se da moita.
— Guarde isso. – ordena o guerreiro, apontando com sua machadinha para a calça, agora molhada, do delegado.