Cap. 216
Os delegados de Rotten Root continuam sua perseguição enquanto, em New Heaven, a viúva Emma Wilkinson entra no quarto em que acolhe a vítima do incêndio do circo resgatada pelo xerife Austin.
— Boa tarde! Está se sentindo melhor hoje? – pergunta ela.
Com um aceno de cabeça, a pessoa, ainda com ataduras pelo rosto, parece concordar.
A viúva respira fundo para repôr o fôlego após a caminhada até sua pequena casa. Ela mora afastada das ruas da cidade, mas prefere assim.
Desde que o marido se foi, ela leva sua vida em meio às árvores, convivendo com algumas fotos e muitas lembranças.
Como não teve filhos, a casa está quase sempre vazia, sendo o xerife Austin o único que aparece ocasionalmente para perguntar se está tudo bem e, também de vez em quando, pedir auxílio médico para alguém na cidade.
Emma não se queixa, está feliz assim. Ou pelo menos conformada.
Já com o fôlego reposto, a mulher começa a relatar: — Fiquei sabendo na cidade que aquele rapaz encrenqueiro que passou por aqui fez um estrago ainda maior em Rotten Root.
Vendo que o assunto captou a atenção de sua companhia, ela prossegue: — O homem explodiu coisas, incendiou prédios e matou um monte de gente. Espero que seus amigos do circo que foram para lá estejam bem.
A voz sai por entre as ataduras de forma forçosa e rouca: — Sabe o nome dos mortos?
Emma: — Não, o que eu sei é que mandaram dois delegados atrás do sujeito. Parece que fugiu levando uma moça à força.
A mulher acrescenta: — Deus me perdoe, mas um dos delegados é índio. Você acredita?
Já voltando a ignorar o falatório da mulher, uma frase retoma toda a atenção e interesse da figura enfaixada.
— Pelo menos o outro delegado é branco. Acho que o nome é Augusto, ou algo assim. – conclui Emma.
— Augustus! – deixa escapar a boca com os lábios ainda queimados.
— Isso mesmo! – exclama a viúva. — É amigo seu?
A resposta não vem. Nossa misteriosa figura decide fechar os olhos e fingir ter adormecido para poder, em silêncio finalmente, continuar na elaboração de seus planos.
