Cap. 215
— Você acha que alcançamos Tex ainda hoje? – pergunta Augustus a Cobra Traiçoeira, mas sem tirar os olhos de Nokomis. Cobra: — A pergunta é para mim?
Augustus, ainda olhando a nativa: — Uhum!
Nokomis percebe o olhar e ruboriza, sorrindo gentilmente enquanto Cobra suspira e responde:
— Acho que não. A neve vai fazer o maldito ir devagar, mas também vai atrasar a gente.
O nativo continua: — Seria bom pensarmos em como iremos passar a noite. Temos que achar um lugar que seja fora da neve e seguro.
Nokomis: — A Pedra do Francês.
Augustus e Cobra se entreolham indicando que ambos desconhecem o que a moça acaba de dizer.
A nativa explica: — Dizem os antigos que um homem branco veio... ler?.. os Windigos.
Augustus corrige a moça gentilmente: — Conhecer, estudar.
Nokomis: — Isso! Estudar! Ele veio estudar e ergueu uma cabana na Montanha do Silêncio.
Augustus: — Não conheço o lugar.
Cobra desdenha: — Claro que não. Pelo que vi, nenhum lugar fica em silêncio se você passar por lá.
Augustus tenta protestar, mas Cobra prossegue: — Teremos sorte se a montanha não pegar fogo com a sua visita.
Augustus consegue interromper: — Você conhece a tal montanha?
Cobra aponta um monte a algumas horas de distância.
Augustus: — Então, vamos para lá.
Nokomis: — Faz muito tempo que isso aconteceu. Pode nem ter mais cabana.
Cobra acrescenta: — ou nunca ter realmente acontecido.
Augustus: — Alguma sugestão melhor?
Os nativos não se manifestam, então ele continua: — Não? Então vamos para lá. Se aparecer algum lugar melhor no caminho, acampamos nele. Caso não apareça e a cabana não exista, não fará diferença em qual lugar iremos morrer congelados.
Nokomis: — Ou comidos.
Augustus fecha os olhos como se levasse um cutucão, mas não consegue ficar incomodado com a moça: — Claro, senhorita! Obrigado por lembrar dessa possibilidade.
Nokomis fala em Siksikáí'powahsin com Cobra: — Ele fala palavras grandes que eu não entendo.
Cobra responde no mesmo idioma: — Eu também não. Aliás, quase ninguém entende, nem os brancos.