Cap. 236
O sol já ameaça surgir e é possível enxergar quase até a base da montanha. Olhando para a outra direção, Augustus vai enchendo o balde e analisando o terreno.
Pela consistência, a neve é recente, dois dias talvez. A cabana foi bem construída exatamente no espaço que havia sob uma rocha que se projetava na encosta, sobre a qual se acumula uma considerável quantidade de gelo e detritos.
É possível ver a fumaça saindo de onde foi escavada na rocha a improvisada chaminé da lareira. Um pequeno filete de água chega a escorrer pela lateral da rocha, devido ao gelo derretido pelo calor.
Augustus chega a escorregar duas vezes devido à neve não estar firme naquela região.
À cada tombo, sua maior preocupação é que Tex não reaja sem pensar, atirando na pobre senhorita Sarah.
Finalmente o delegado retorna à cabana.
Cobra: — Viu algum deles?
Augustus: — Não, mas olhei mais para cima da montanha do que para baixo.
Cobra: — E viu alguma coisa útil?
Augustus: — Sim. Um monte de neve recente.
Cobra, Tex e Sarah se entreolham sem entender e o delegado coloca o balde próximo à fogueira, que se apagou devido ao vento entrando pela porta aberta, se vira e pede a Tex:
— Feche a porta, por favor.
O criminoso obedece.
Cobra acende novamente a fogueira, vai até a portinhola, espia e comenta: — Eles estão lá fora ainda.
Tex debocha: — Claro que estão. Somos provavelmente a comida mais fácil de caçar que eles têm em quilômetros. Sabem que só precisam esperar. Só estão esperando o momento certo de dar o bote, assim como a gente aqui dentro.
Tex olha para Augustus e desafia: — Será que eles terão que esperar mais um dia?
Augustus pega um dos diários para retomar a leitura, deixando Tex sem resposta. Não convém prolongar provocações com o cansaço, fome e tensão que vão aumentando em todos juntamente com o frio.
Será difícil controlar as ansiedades naquela cabana por mais um dia e, em Rotten Root, as coisas não são muito diferentes.