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Cap. 241

De volta ao diário de Champlain, ainda de acordo com Nuvem Cinzenta, os Windigos foram expandindo seu território. Sem estabelecer aldeias, viviam como nômades, atacando tudo o que pudesse ser comido sem oposição. Até surgirem os primeiros povos.

Os Windigos passaram a ter adversários disputando seu espaço e sua comida, mas, apesar de estarem em menor número, eram mais organizados, brutais e acostumados com a guerra.

Vieram as batalhas e os primeiros povos tiveram suas aldeias destruídas e muitos de sua população, mortos, devorados ou convertidos.

Não sabiam como reagir. Afinal seu inimigo não tinha uma aldeia ou mesmo uma toca onde pudesse ser atacado. Não era possível saber onde ou quando atacariam. Apesar de conseguirem ferir e até matar alguns Windigo, os primeiros povos nada mais eram do que uma nova presa para alimentar aquelas aberrações.

E o mundo só não foi devorado porque os lobos acolheram e ensinaram um grupo de Pés Pretos como viver e caçar em grupo, planejando, distribuindo atividades e agindo em conjunto.

A resistência organizada retardou o avanço dos Windigo, mas não seria o suficiente para detê-los por muito tempo. Como meras pessoas poderiam vencer aqueles que derrotaram o próprio inverno?

] O mundo parecia condenado.

No entanto, uma entidade estava particularmente descontente com aquela situação: Napi.

Segundo as lendas dos Pés Pretos, Napi, o velho trapaceiro, participou da criação de tudo o que existe e não teve todo aquele trabalho só para encher a barriga de um bando de demônios insaciáveis.

Ele sabia que não havia força suficiente no mundo que fosse capaz de superar os Windigo e sua fome.

Então, o trapaceiro pensou, pensou e pensou: como vencer quem só pensa com a barriga?

De repente, o velho sorriu matreiramente. “Para combater a fome, nada melhor do que um prato especial”, pensou Napi, já com uma receita irresistível em mente.

Agora, era só iniciar os preparativos.
 

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