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Cap. 266

São tantas caixas a serem abertas e vasculhadas. Sozinha, em meio ao que sobrou do circo e das vidas de seus artistas, a figura enfaixada gargalha de maneira rouca e ensandecida.

Aleatoriamente, espia dentro de alguns sacos, revira algumas roupas e se detém em frente a uma pilha de posters dos artistas.

Alguns são ignorados, outros rasgados e picados com minuciosa insistência até sobrarem apenas minúsculos fragmentos das imagens. Um pôster, porém, merece atenção e, após ser contemplado por alguns minutos, é cuidadosamente enrolado e separado para ser levado.

Um pouco mais para o fundo do celeiro, começam a surgir os objetos pessoais. Uma pintura, uma fotografia, joias de pouco valor.

As caixas com documentos tomam mais a atenção. Nunca se sabe o que pode ser encontrado ali. Talvez uma escritura de um imóvel ou de alguma coisa que valha algum dinheiro realmente significativo.

No entanto, a maioria dos papéis é formada por documentos e cartas inúteis para as ambições da figura um tanto frustrada que começa a considerar colocar fogo em toda aquela tranqueira, mas uma voz em sua cabeça aconselha a não fazer isso, pelo menos agora, para não chamar atenção.

Se for para incendiar o lugar que seja com aquela viúva irritante dentro.

Já sem ânimo nem esperanças de encontrar algo que tenha algum valor prático ou monetário, a figura se vira para sair e esbarra em um pequeno vaso.

A peça cai no chão se espatifando. Em meio aos cacos e a pouca iluminação (devia ter trazido um lampião) está um envelope.

Os dedos ainda ressecados pelas queimaduras abrem o envelope e reconhecem a caligrafia do senhor Alexandru Wondernoff, fundador e proprietário do circo, avô do maldito Augustus.

Seria um testamento? A figura sai tropeçando em busca da claridade necessária para uma leitura adequada do documento.

Seus olhos vão passando pela caligrafia não muito fácil de compreender e ficando cada vez mais arregalados.

Não é um testamento. É uma confissão.

— Isso muda muita coisa. – sussurra por entre as faixas.

O que a figura não sabe é que, na terra dos Windigos as coisas também estão mudando… para pior.
 

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