Cap. 279
Westwood e Dente de Lobo ainda se agridem e enlameiam por entre os arbustos quando Lua da Raposa se aproxima de Chuva Quente e começa a explicar:
— Foi o destino. O destino que Nokomis escolheu. O destino que escolheu Nokomis.
— Não é justo. – protesta Chuva Quente, com mais raiva do que tristeza.
Lua retoma: — Foi o mesmo destino que trouxe Nokomis até você, uma menina assustada que assistiu sua família e toda a aldeia sendo mortas por soldados brancos.
— E você, Chuva Quente, a acolheu e, finalmente, teve a família que os espíritos não lhe deram por tanto tempo.
— Durou tão pouco. – desaba Chuva, literalmente, já com a tristeza superando tudo.
Lua, se aproximando da mulher caída e se agachando junto a ela:
— Mas aconteceu. E foi importante na vida de vocês duas. O que aconteceu a Nokomis não é culpa daquele homem. Ele conviveu com ela menos tempo que qualquer um de nós e é possível ver o buraco que ela deixou em seu espírito.
Chuva Quente se esparrama no chão chorando e se contorcendo.
Lua da Raposa entende que não adianta dizer mais nada a ela nesse momento e se dirige a Augustus:
— O que você pretende fazer?
O delegado responde: — Levar este colar até a tal cachoeira, onde ela poderá ficar junto ao resto do seu povo e onde eu possa voltar a me encontrar com ela como combinamos.
Lua olha para Cedro Vermelho: — Faremos isso amanhã, com todos mais calmos.
— Sim, chefe. – consente provocativo o indígena.
Outros nativos vão se aproximando, atraídos pelo tiro disparado pelo Dr. William.
Cedro Vermelho decide retomar a liderança, se aproximando de Chuva Quente e ajudando a nativa a se erguer e caminhar.
Lua da Raposa vai até onde o padre ainda se atraca com Dente de Lobo e bronqueia: — Chega! Os dois, parem.
Ela misturou inglês e siksikáí'powahsin, mas os dois entenderam e obedeceram.
Dr. William, se aproxima, vê os homens deitados, aponta para o chão ao redor dos dois e comenta: — Essas não são as tais flores brancas que não devemos tocar?
Passando por ele, Sapo Gordo, que também veio ver a confusão, confirma: — Sim. Parabéns, senhor médico! Quer ser o curandeiro da tribo?