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Cap. 7

Ilustração com barras de uma cela, atrás das quais encontra-se a silhueta de um homem de chapeu de cowboy sentado com os pés sobre uma mesa.

O dia ainda nem amanheceu e Augustus já está acordado, apesar de ainda deitado no banco de sua cela. A noite na cadeia foi um luxo comparada às últimas pelas quais ele passou.

Pelas grades, ele vê o xerife sentado, apoiando os pés em sua mesa, não se sabe se dormindo ou não. A tranquilidade do momento é quebrada quando batem na porta.

— Entre – diz o xerife.

Entra o padre, suado pela caminhada até a cadeia e trazendo o colete de Augustus. O clérigo joga a peça de roupa sobre a mesa do xerife.

Padre: — Já que vocês não esperaram a irmã Bridget ontem, vim trazer isso antes que ele resolva ir à capela buscar. Quer que eu fique de olho nele enquanto você se apronta para a viagem?

Xerife: — Pode ser. Vá com ele até o saloon. Encontro vocês lá depois que conseguir um cavalo para ele.

Padre: — Está certo.

— Então, vamos. – diz Augustus abrindo a porta de sua cela e saindo em direção à porta.

O padre e o xerife se entreolham.

Padre: — Você não trancou a porta da cela?

Xerife: — Claro que tranquei.

Padre: — Então como ele abriu a porta?

Xerife: — Não sei. Vai ver, minha cela é uma bosta também.

Padre e xerife se encaram enquanto Augustus veste seu colete e diz: — Desculpe interromper, mas, podemos ir?

— Vamos – diz o padre balançando a cabeça negativamente.

— Não vão me algemar dessa vez? – pergunta Augustus com um leve tom de deboche, o qual acaba assim que o xerife arregala os olhos em direção a ele.

— Você ainda está na minha cidade, seu pedaço de traseiro de bode que sentou na urtiga, e eu ainda posso atirar em você e nem ser julgado depois – rosna o xerife comprimindo os olhos e as mãos até os dedos estalarem.

Antes que Augustus consiga balbuciar alguma frase que, com certeza, só pioraria a situação, o padre o pega pelo colete e arrasta porta afora.

Os dois atravessam a rua em meio a olhares curiosos das pessoas, porém ninguém tem coragem de olhar para o padre por muito tempo.

Dentro da cadeia, o xerife confere a fechadura de sua cela enquanto se indaga: “Por que não atirei nesse maldito antes de ele chegar na cidade?”
 

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