Cap. 8
Augustus e o Padre entram no saloon. O lugar é pequeno, sujo, tem apenas três mesas, um punhado de cadeiras, um balcão e nenhum freguês.
Atrás do balcão está escrito um desbotado (ou seria coagulado?) “Saloon” na parede, com algo que Augustus espera que tenha sido tinta vermelha.
O local dá uma sensação de abafamento e sufoco mesmo estando vazio e o atendente, um homem latino com espesso bigode negro, não parece muito receptivo.
Augustus: — Bom dia, meu bom homem! O senhor poderia me servir algo refrescante? Um vinho gelado ou mesmo um gin sem gelo? Serve até mesmo um simples copo de água.
Barman: — Eu não sou seu homem, eu não sou bom e só tem whiskie.
Augustus: — É um tanto cedo, mas que seja. Whiskie, por favor.
O atendente bate com um copo no balcão e começa a enchê-lo com um líquido escuro cujo cheiro faz as orelhas de Augustus suarem. A única marca identificável na garrafa é dos dedos suados do barman sobre a poeira acumulada no vidro.
Ignorando os sinais de alerta, o visitante respira fundo, ergue o copo para propor um brinde ao padre (e logo desiste ao ver que o padre já havia bebido uma dose que ele nem viu ser servida), leva o copo até a boca e sorve um pequeno gole.
A reação é imediata. Augustus sente a língua formigar, os olhos trocarem de lado no rosto e um coice de vaca direto no pomo-de-adão.
Agarrado ao balcão, ele fala, ou melhor, balbucia, ainda sem conseguir respirar: — Jesus e Maria José! Parece que o próprio diabo acaba de mijar na minha garganta.
O barman passa pensativo a mão pelo bigode: — Mijo do Diabo. Gostei. Queria um nome para a bebida que a gente faz e acho que vou ficar com esse. Tudo bem para o senhor, Padre?
Padre, ignorando Augustus se decompondo ao seu lado: — Depende, eu vou ter de começar a pagar o que bebo por causa disso?
Barman: — Por Deus! Claro que não.
Padre: — Então faça como quiser. E manda outra dose.
O barman serve a dose enquanto o xerife entra no saloon. Olhando Augustus pendurado pela ponta dos dedos no balcão, pergunta: — Perdi alguma coisa?