Cap. 103
— Você matou quatro homens? – pergunta um incrédulo Wayne. — Quatro? Armados? De uma vez?
Um impassível Dr. William responde: — Foi em legítima defesa de minha integridade física e de meu patrimônio, posso assegurar.
Wayne: — Como vou saber se isso é verdade?
Doutor: — Por que eu contaria se não fosse?
Wayne: — Isso pode surpreender o senhor, doutor, mas tem gente que mente para não ser preso e enforcado.
— Posso dar uma sugestão? – intromete-se um cambaleante Augustus.
Wayne, instintivamente ao ver Augustus vivo: — Não!
— Você está bem! – exclama um feliz e aliviado Cobra Traiçoeira.
Wayne: — Isso, ele está bem, agora vocês dois podem ir embora. Adeus.
— Ele ainda não está bem. – contesta o médico. — É importante que permaneça aqui, em repouso.
Wayne, murmurando entre os dentes: — Claro que é.
Vendo o impasse, Augustus prossegue: — Que tal o doutor ficar detido aqui? Assim ele cuida de mim e do prefeito enquanto você investiga se o que ele diz é verdade ou não.
Doutor: — Se ficar mais tranquilo, posso dormir na cadeia todas as noites até que decida o que fazer.
O xerife está confuso. É muita informação para ser digerida de uma só vez. Bons tempos em que tudo podia ser resolvido matando todos no recinto e partindo sem olhar para trás.
Mas, ele agora é um xerife, igual ao xerife de New Heaven. Um homem da lei e que, portanto, deve seguir a lei.
Como Wayne não conhece as leis, decide fazer o que parece mais vantajoso, ou seja, o que fará Augustus sarar mais rapidamente para poder livrar-se dele, do indígena e, com sorte, do médico e do pessoal do circo.
O xerife aponta para o médico e sentencia: — Você fica aqui, cuidando desse monte de estrume e do prefeito. Não sai daqui até que eu venha te buscar e levar para dormir na cadeia.
Wayne continua: — Você tem alguma arma?
Doutor: — Muitas!
Wayne, espantado: — Aqui, com você?
Doutor: — Algumas.
Wayne: — Vá pegar as armas e me entregue todas. Nada de ficar armado enquanto estiver em minha cidade.
Doutor: — Certo!
O xerife acompanha atentamente, ainda com as armas apontadas.
O médico olha para Augustus e comenta: — Seu amigo é desconfiado.
“Doutor, você acaba de perder o direito a dormir na cama da cadeia”, sentencia o xerife.