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Cap. 108

McQueen vai até a janela, observa a rua por alguns instantes, certificando-se de que a cidade ainda dorme, mas, já é possível perceber que o sol está se aproximando no horizonte.

Ele vai até Augustus e o segura pelos braços, cravando suas mãos e arregalando seus olhos até as sobrancelhas quase pararem no meio de sua careca: — Rapaz, você não faz ideia do perigo que estamos correndo aqui. Preciso que jure que não comentará o que viu e o que conversarmos aqui com mais ninguém! Você entendeu?

Augustus balança a cabeça afirmativamente, ou assim parece em meio aos chacoalhões que recebe do prefeito. Para que não fiquem dúvidas, ele segura de volta o prefeito e responde: — Eu juro, pode confiar em mim.

McQueen encara seu hóspede por alguns instantes, solta os braços do homem e volta para sua poltrona.

Ele ainda não tem certeza de que está fazendo a coisa certa, mas sabe que não aguentaria muito mais tempo guardando segredo de tudo o que descobriu desde que chegou a Rotten Root.

“Diabos,” – pensa o prefeito – “agora que já comecei, vamos até o fim.”

McQueen fecha os olhos, se concentra e retoma a história, como se não tivesse ocorrido aquela interrupção quase histérica: — O entreposto virou mesmo uma cidade devido à mina de prata.

— A prata, aliás, foi encontrada por acaso. Um bando de sujeitos começou a cavar no morro onde está a igreja, sabe-se lá por qual motivo, e acabou encontrando um veio. A notícia se espalhou e apareceu um monte de gente querendo uma parte dessa prata, fosse arrancando da terra ou de quem a tivesse encontrado antes.

— Porém, a prata não durou muito e, quando estava no fim, acabaram acertando alguma parte do lago, causando um alagamento e desmoronamento. Então, em menos de vinte anos, quem veio viver aqui acabou tendo de procurar outro lugar. Sobraram os mais pobres.

— Os mexicanos? – pergunta Augustus.

McQueen: — Não. Quer dizer, não os que estão aqui hoje. Esses vieram depois da independência do Texas e da Guerra Mexicana. Antes disso, esta cidade passou quase trinta anos praticamente deserta. Quase ninguém a conhecia ou lembrava dela.

Augustus, curioso (e inoportuno) como sempre: — Então como o senhor veio parar aqui?
 

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